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Confissão Belga

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ARTIGO 17

O SALVADOR, PROMETIDO POR DEUS

Cremos que nosso bom Deus, vendo que o homem havia se lançado assim na morte corporal e espiritual e se havia feito totalmente miserável, foi pessoalmente em busca do homem, quando este, tremendo, fugia de sua presençal. Assim Deus mostrou sua maravilhosa sabedoria e bondade. Ele confortou o homem com a promessa de lhe dar seu Filho, que nasceria de uma mulher (Gálatas 4:4) a fim de esmagar a cabeca da serpente (Gênesis 3:15) e de tornar feliz o homem2.

1 Gn 3:9. 2 Gn 22:18; Is 7:14; Jo 1:14; Jo 5:46; Jo 7:42; At 13:32; Rm 1:2,3; Gl 3:16; 2Tm 2:8; Hb 7:14.

 

 

 

ARTIGO 18
A ENCARNAÇÃO DO FILHO DE DEUS

Confessamos, então, que Deus cumpriu a promessa, feita aos pais antigos pela boca dos seus santos profetasl, quando enviou ao mundo seu próprio, único e eterno Filho, no tempo determinado por Ele2. Este assumiu a forma de servo e tornou-se semelhante aos homens (Filipenses 2:7), tomando realmente a verdadeira natureza humana com todas as suas fraquezas3, mas sem o pecado4. Foi concebido no ventre da bemaventurada virgem Maria, pelo poder do Espírito Santo, sem intervenção do homem5. E não somente tomou a natureza humana quanto ao corpo, mas também a verdadeira alma humana, para que fosse um verdadeiro homem. Pois, estando perdidos tanto a alma como o corpo, Ele devia tomar ambos para salvá-los.

Por isso, confessamos (contra a heresia dos anabatistas que negam que Cristo tomou a natureza de sua mãe), que Cristo participou do sangue e da carne dos filhos de Deus (Hebreus 2:14); que Ele, "segundo a carne, veio da descendência de Davi" (Romanos 1:3); fruto do ventre de Maria (Lucas 1:42); nascido de uma mulher (Gálatas 4:4); rebento de Davi (Jeremias 33:15; Atos 2:30); renovo da raiz de Jessé (Isaías 11:1); brotado de Judá (Hebreus 7:14); descendente dos judeus, segundo a carne (Romanos 9:5); da descendência de Abraão6, tornando-se semelhante aos irmãos em tudo, mas sem pecado (Hebreus 2:16,17; 4:15).

Assim Ele é, na verdade, nosso Emanuel, isto é: Deus conosco (Mateus 1:23).

 

1 Gn 26:4; 2Sm 7:12-16; Sl 132:11; Lc 1:55; At 13:23. 2 Gl 4:4. 3 1Tm 2:5; 1Tm 3:16; Hb 2:14. 4 2Co 5:21; Hb 7:26; 1Pe 2:22. 5 Mt 1:18; Lc 1:35. 6 Gl 3:16.

 

 

 

ARTIGO 19
AS DUAS NATUREZAS DE CRISTO

Cremos que, por esta concepção, a pessoa do Filho está unida e conjugada inseparavelmente, com a natureza humana1. Não há, então, dois filhos de Deus, nem duas pessoas, mas duas naturezas, unidas numa só pessoa, mantendo cada uma delas suas características distintas. A natureza divina permaneceu não criada, sem início, nem fim de vida (Hebreus 7:3), preenchendo céu e terra2. Do mesmo modo a natureza humane não perdeu suas características, mas permaneceu criatura, tendo início, sendo uma natureza finita e mantendo tudo o que é próprio de um verdadeiro corpo3. E ainda que, por meio da sua ressurreição, Cristo tenha concedido imortalidade a sua natureza humana, Ele não transformou a realidade da mesma4, pois nossa salvação e ressurreição dependem também da realidade de seu corpo5.

Estas duas naturezas, porém, estão unidas numa só pessoa de tal maneira que nem por sua morte foram separadas. Ao morrer, Ele entregou, então, nas mãos de seu Pai um verdadeiro Espírito humano, que saiu de seu corpo6, entretanto, a natureza divina sempre continuou unida a humana, mesmo quando Ele jazia no sepulcro7. A divindade não cessou de estar nEle, assim como estava nEle quando era criança, embora, por algum tempo, não se tivesse manifestado.

Por isso, confessamos que Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem: verdadeiro Deus a fim de veneer a morte por seu poder; verdadeiro homem a fim de morrer por nós na fraqueza de sua carne.

 

1 Jo 1:14; Jo 10:30; Rm 9:5; Fp 2:6,7. 2 Mt 28:20. 3 1Tm 2:5. 4 Mt 26:11; Lc 24:39; Jo 20:25; At 1:3,11; At 3:21; Hb 2:9. 5 1Co 15:21; Fp 3:21. 6 Mt 27:50. 7 Rm 1:4.

 

 

 

ARTIGO 20
A JUSTIÇA E A MISERICÓRDIA DE DEUS EM CRISTO

Cremos que Deus, perfeitamente misericordioso e justo, enviou seu Filho para assumir a natureza humane em que foi cometida a desobediêncial. Nesta natureza, Ele satisfez a Deus, carregando o castigo pelos pecados, através de seu mui amargo sofrimento e morte2. Assim Deus provou sua justiça sobre seu Filho, quando carregou sobre Ele nossos pecados3 e derramou sua bondade e misericórdia sobre nós, culpados e dignos da condenação. Por amor perfeitíssimo, Ele entregou seu Filho a morte, por nós, e O ressuscitou para nossa justificação4, a fim de que, por Ele, tivéssemos a imortalidade e a vida eterna.

 

1 Rm 8:3. 2 Hb 2:14. 3 Rm 3:25,26; Rm 8:32. 4 Rm 4:25.

 

 

 

ARTIGO 21
A SATISFAÇÃO POR CRISTO

Cremos que Jesus Cristo é um eterno Sumo Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, o que Deus confirmou por juramentol. Perante seu Pai e para apaziguar-Lhe a ira, Ele se apresentou em nosso nome, por satisfação própria2, sacrificando-se a si mesmo e derramando seu precioso sangue, para purificação dos nossos pecados3, conforme os profetas predisseram4.

Pois, está escrito que "o castigo que nos traz a paz estava sobre " o Filho de Deus e que "pelas suas pisaduras fomos sarados"5; "como cordeiro foi levado ao matadouro"; "foi contado com os transgressores"6 (Isaías 53: 5,7,12); e como criminoso foi condenado por Pôncio Pilatos embora este o tivesse declarado inocente7. Assim, então, restituiu o que não tinha furtado (Salmo 69:4), e sofreu, "o justo pelos injustos"8 (lPedro 3:18), tanto no seu corpo como na sua alma9, de maneira que sentiu o terrível castigo que os nossos pecados mereceram. Assim "o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra " (Lucas 22:44). Ele "clamou em alta voz: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mateus 27:46) e padeceu tudo para a remissão dos nossos pecados.

Por isso, dizemos, com razão, junto com Paulo que não sabemos outra coisa, "senão Jesus Cristo, e este crucificado" (1Corlntios 2:2). Consideramos "tudo como perda por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus", nosso Senhor (Filipenses 3:8). Encontramos toda consolação em seus ferimentos e não precisamos buscar ou inventar qualquer outro meio para nos reconciliarmos com Deus, "porque com uma única oferta aperfeicoou para sempre quantos estão sendo santificados,10 (Hebreus 10:14). Por isso, o anjo de Deus O chamou Jesus, quer dizer: Salvador, porque ia salver "o seu povo dos pecados deles "11 (Mateus 1:21).

 

1 Sl 110:4; Hb 7:15-17. 2 Rm 4:25; Rm 5: 8-9; Rm 8:32; Gl 3:13; Cl 2:14; Hb 2:9,17; Hb 9:11-15. 3 At 2:23; Fp 2:8; 1Tm 1:15; Hb 9:22; 1Pe 1:18,19; 1Jo 1:7; Ap 7:14. 4 Lc 24:25-27; Rm 3:21; 1Co 15:3. 5 1Pe 2:24. 6 Mc 15:28. 7 Jo 18:38. 8 Rm 5:6. 9 Sl 22:15. 10 Hb 7:26-28; Hb 9:24-28. 11 Lc 1:31; At 4:12.

 

 

 

ARTIGO 22
A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ EM CRISTO

Cremos que, para obtermos verdadeiro conhecimento desse grande mistério, o Espírito Santo acende, em nosso coração, verdadeira fé1. Esta fé abraça Jesus Cristo com todos os seus méritos, apropria-se dEle e nada mais busca fora dEle2. Pois das duas, uma: ou não se ache em Jesus Cristo tudo o que é necessário para nossa salvação, ou tudo se acha nEle, e, então, aquele que possui Jesus Cristo pela fé, tem a salvação completa3. Dizer porém que Cristo não é suficiente, mas que, além dEle, algo mais é necessário, significaria uma blasfêmia horrível. Pois Cristo seria apenas um salvador incompleto.

Por isso, dizemos, com razão, junto com o apóstolo Paulo, que somos justificados somente pela fé, ou pela fe sem as obras4 (Romanos 3:28). Entretanto, não entendemos isto como se a própria fé nos justificasse5, mas ela é somente o instrumento com que abraçamos Cristo, nossa justiça. Mas Jesus Cristo, atribuindo-nos todos os seus méritos e tantas obras santas, que fez por nós e em nosso 1ugar, é nossa justiça6. E a fé é o instrumento que nos mantém com Ele na comunhão de todos os seus benefícios. Estes, uma vez dados a nós, são mais que suficientes para nos absolver dos pecados.

 

1 Jo 16:14; 1Co 2:12; Ef 1:17,18. 2 Jo 14:6; At 4:12; Gl 2:21. 3 Sl 32:1; Mt 1:21; Lc 1: 77; At 13:38,39; Rm 8:1. 4 Rm 3:19-4:8; Rm 10:4-11; Gl 2:16; Fp 3:9; Tt 3:5. 5 1Co 4:7. 6 Jr 23:6; Mt 20:28; Rm 8:33; 1Co 1:30,31; 2Co 5:21; 1Jo 4:10.


 

 

ARTIGO 23
NOSSA JUSTIÇA PERANTE DEUS EM CRISTO

Cremos que nossa verdadeira felicidade consiste no perdão dos pecados, por causa de Jesus Cristo, e que isto significa para nós a justiça perante Deusl. Assim nos ensinam Davi e Paulo, declarando: "Bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras" (Romanos 4:6; Salmo 32:2). E o mesmo apóstolo diz que somos "justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus"2 (Romanos 3: 24).

Portanto, perseveramos neste fundamento, dando toda a glória a Deus3, humilhando-nos e reconhecendo que nós, homens, somos maus. Não nos vangloriamos, de nenhuma maneira, de nós mesmos ou de nossos méritos4. Somente nos apoiamos e repousamos na obediência do Cristo crucificado5. Esta obediência é nossa se cremos nEle6. Ela é suficiente para cobrir todas as nossas iniqüidades. Ela liberta nossa consciência de temor, perplexidade e espanto e, assim, nos dá ousadia de aproximarmo-nos de Deus, sem fazermos como nosso primeiro pai Adão que, tremendo, quis cobrir-se com folhas de figueira7. E, certamente, se tivéssemos que comparecer perante Deus, apoiando-nos, por pouco que fosse, em nós mesmos ou em qualquer outra criatura - ai de nós -, pereceríamos8. Por isso, cada um deve dizer com Davi: "Ó Senhor, não entres em juízo com o teu servo, porque a tua vista não há justo nenhum vivente" (Salmo 143:2).

 

1 1Jo 2:1. 2 2Co 5:18,19; Ef 2:8; 1Tm 2:6. 3 Sl 115:1; Ap 7:10-12. 4 1Co 4:4; Tg 2:10. 5 At 4:12; Hb 10:20. 6 Rm 4:23-25. 7 Gn 3:7; Sf 3:11; Hb 4:16; 1Jo 4:17-19. 8 Lc 16:. 15; Fp 3:4-9.

 

 


ARTIGO 24
A SANTIFICAÇÃO

Cremos que a verdadeira fé, tendo sido acesa no homem pelo ouvir da Palavra de Deus e pela obra do Espírito Santol, regenera o homem e o torna um homem novo2. Esta verdadeira fé o faz viver na vida nova e o liberta da escravidão do pecado3.

Por isso, é impossível que esta fé justificadora leve os homens a se descuidarem da vida piedosa e santa4. Pelo contrário, sem esta fé jamais farão alguma coisa por amor a Deus5, mas somente por amor a si mesmos e por medo de serem condenados. É impossível, portanto, que esta fé permaneça no homem sem frutos. Pois, não falamos de uma fé vã, mas da fé, de que a Escritura diz que "atua pelo amor" (Gálatas 5:6). Ela move o homem a exercitar-se nas obras que Deus mandou na sua Palavra. Estas obras, se procedem da boa raíz da fé; são boas e agradáveis a Deus, porque todas elas são santificadas por sua graça.

Entretanto, elas não são levadas em conta para nos justificar. Porque é pela fé em Cristo que somos justificados, mesmo antes de fazermos boas obras6. De outro modo, estas obras não poderíam ser boas, assim como o fruto da árvore não pode ser bom, se a árvore não for boa7.

Então, fazemos boas obras, mas não para merecermos algo. Pois, que mérito poderíamos ter? Antes, somos devedores a Deus pelas boas obras que fazemos e não Ele a nós8. Pois, "Deus e quem efetua em" nós "tanto o querer como o realizar, segundo sua boa vontade" (Filipenses 2:13). Então, lev emos a sério o que está escrito: "Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer" (Lucas 17:10). Contudo, não queremos negar que Deus recompensa as boas obras9; mas, por sua graça, Ele coroa seus próprios dons.

E, em seguida, mesmo que façamos boas obras, nelas não fundamentamos nossa salvação. Porque, por sermos pecadores, não podemos fazer obra alguma que não esteja contaminada e não mereça ser castigadal0. E, ainda que pudéssemos produzir uma só boa obra, a lembrança de um só pecado bastaria para torná-la rejeitável perante Deusll. Assim, sempre duvidaríamos, levados de um lado para o outro, sem certeza alguma, e nossa pobre consciência estaria sempre aflita, a não ser que se apoiasse no mérito do sofrimento e da morte de nosso Salvadorl2.

 

1 At 16:14; Rm 10:17; 1Co 12:3. 2 Ez 36:26, 27; Jo 1:12,13; Jo 3:5; Ef 2:4-6; Tt 3:5; 1Pe 1:23. 3 Jo 5:24; Jo 8:36; Rm 6:4-6; 1Jo 3:9. 4 Gl 5:22; Tt 2:12. 5 Jo 15:5; Rm 14: 23; 1Tm 1:5; Hb 11:4,6. 6 Rm 4:5. 7 Mt 7:17. 8 1Co 1:30: 1Co 4:7; Ef 2:10. 9 Rm 2:6,7; 1Co 3:14; 2Jo :8; Ap 2:23. 10 Rm 7:21. 11 Tg 2:10. 12 Hc 2:4; Mt 11:28; Rm 10:11.

 

 

 

ARTIGO 25
CRISTO, O CUMPRIMENTO DA LEI

Cremos que as cerimônias e figuras da lei terminaram com a vinda de Cristo e que, assim, todas as sombras chegaram ao fiml. Por isso, os cristãos não devem mais usá-las. Contudo, para nós, sua verdade e substância permanecem em Cristo Jesus, em quem têm seu cumprimento2.

Entretanto, ainda usamos os testemunhos da Lei e dos Profetas para confirmarmo-nos no Evangelho e, também, para regularmos nossa vida em toda honestidade, para a glória de Deus, conforme sua vontade3.

 

1 Mt 27:51; Rm 10:4; Hb 9:9,10. 2 Mt 5:7; Gl 3:24; Cl 2:17. 3 Rm 13:8-10; Rm 15:4; 2Pe 1:19; 2Pe 3:2.

 

 

 

ARTIGO 26
CRISTO, NOSSO ÚNICO ADVOGADO

Cremos que nenhum acesso temos a Deus, senão pelo único Mediadorl e Advogado Jesus Cristo, o Justo2. Porque Ele se tornou homem e uniu as naturezas divina e humana, para que nós, homens, tivéssemos acesso à majestade divina3. De outro modo, nenhum acesso teríamos. Mas este Mediador que o Pai constituiu entre Ele e nós, não nos deve assustar por sua grandeza, a ponto de fazer-nos procurar um outro, conforme nossa própria vontade. Porque não há ninguém , nem no céu, nem na terra, entre as criaturas, que nos ame mais que Jesus Cristo4. "Pois ele, subsistindo em forma de Deus ... a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens" por nós, "em todas as coisas ... semelhante aos irmãos" (Filipenses 2:6,7; Hebreus 2:17).

Agora, se tivéssemos que buscar outro mediador que nos fosse favorável, quem poderíamos encontrar que mais nos amasse senão Ele que entregou sua vida por nós, sendo nós ainda inimigos (Romanos 5:8,10)? E se tivéssemos que buscar alguém que tivesse poder e estima, quem os teria tanto quanto Ele que está sentado a direita de seu Pai5, e que tem "toda a autoridade... no céu e na terra" (Mateus 28:18)? E quem será ouvido antes do que o próprio bem-amado Filho de Deus6?

Foi, então, somente falta de confiança que levou os homens ao costume de desonrar os santos em vez de honrá-los. Pois fazem o que estes santos jamais fizeram ou desejaram mas sempre rejeitaram conforme era seu dever7, como mostram seus escritos.

Aqui não se deve alegar que não somos dignos; pois não apresentamos as orações a Deus em razão de nossa dignidade, mas somente pela excelência e dignidade de nosso Senhor Jesus Cristo8, cuja justiça é a nossa, mediante a fé9. Por isso, a Escritura nos diz, querendo tirar de nós esse tolo receio, ou antes, essa falta de confiança, que Jesus Cristo tornou-se "em todas as coisas... semethante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus, e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados" (Hebreus 2:17,18). E a Escritura diz também, para animar-nos ainda mais a ir para Ele: "Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que entrou nos céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, antes foi ele tentado em todas as coisas, a nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericordia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna"l0 (Hebreus 4:14-16). A Escritura diz ainda: "Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos santos, pelo sangue de Jesus... aproximemo-nos... em plena certeza de fé etc." (Hebreus 10:19-22). E também: Cristo "tem o seu sacerdócio imutável. Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles "11 (Hebreus 7:24,25).

Então, do que precisamos mais, visto que o próprio Cristo declara: "Eu sou o camninho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14:6)? Por que buscaríamos outro advogado visto que agradou a Deus nos dar seu Filho como Advogado? Não O abandonemos para buscar outro que nunca encontraremos. Pois quando Deus O deu a nós, bem sabia que éramos pecadores.

Por isso, conforme o mandamento de Cristo, invocamos o Pai celestial mediante Cristo, nosso únicoMediadorl2, como nos foi ensinado na oração do Senhorl3. E temos a certeza de que o Pai nos concederá tudo o que Lhe pedirmos em nome de Cristol4 (João 16:23).

 

1 1Tm 2 5. 2 1Jo 2:1. 3 Ef 3:12. 4 Mt 11: 28; Jo 15:13; Ef 3:19; 1Jo 4:10. 5 Hb 1:3; Hb 8:1. 6 Mt 3:17; Jo 11:42; Ef 1:6. 7 At 10:26; At 14:15. 8 Jr 17:5,7; At 4:12. 9 1Co 1:30. 10 Jo 10:9; Ef 2:18; Hb 9:24. 11 Rm 8:34. 12 Hb 13:15. 13 Mt 6:9-13; Lc 11:2-4. 14 Jo 14:13.

 

 


ARTIGO 27
A IGREJA CATÓLICA OU UNIVERSAL

Cremos e confessamos uma só igreja católica ou universal1. Ela é uma santa congregação e assembléia2 dos verdadeiros crentes em Cristo, que esperam toda a sua salvação de Jesus Cristo3, lavados pelo sangue dEle, santificados e selados pelo Espírito Santo4.

Esta igreja existe desde o princípio do mundo e existirá até o fim. Pois, Cristo é um Rei eterno, que não pode estar sem súditos5. Esta santa igreja é mantida por Deus contra o furor do mundo inteiro6, mesmo que ela, às vezes, por algum tempo, seja muito pequena e na opinião dos homens, quase desaparecida7. Assim, Deus guardou para si, na perigosa época de Acabe, sete mil homens, que não tinham dobrado os joelhos a Baal8.

Esta santa igreja também não está situada, fixada ou limitada em certo lugar, ou ligada a certas pessoas, mas ela está espalhada e dispersa pelo mundo inteiro9. Contudo, está integrada e unida, de coração e vontade, no mesmo Espírito, pelo poder da fé10.

 

1 Gn 22:18; Is 49:6; Ef 2:17-19. 2 Sl 111:1; Jo 10:14,16; Ef 4:3-6; Hb 12:22,23. 3 Jl 2: 32; At 2:21. 4 Ef 1:13; Ef 4:30. 5 2Sm 7:16; Sl 89:36; Sl 110:4; Mt 28:18,20; Lc 1:32. 6 Sl 46:5; Mt 16:18. 7 Is 1:9; 1Pe 3:20; Ap 11:7. 8 1Rs 19:18; Rm 11:4. 9 Mt 23:8; Jo 4:21-23; Rm 10:12,13. 10 Sl 119:63; At 4:32; Ef 4:4.

 

 

 

ARTIGO 28
O DEVER DE JUNTAR-SE À IGREJA

Esta santa assembléia é a congregação daqueles que são salvos, e fora dela não há salvaçãol. Cremos, então, que ninguém, qualquer que seja a posição ou qualidade, deve viver afastado dela e contentar-se com sua própria pessoa. Mas cada um deve se juntar e se reunir a ela2, mantendo a unidade da igreja, submetendo-se a sua instrução e disciplina3, curvando-se diante do jugo de Jesus Cristo4 e servindo para a edificação dos irmãos5, conforme os dons que Deus concedeu a todos, como membros do mesmo corpo6.

Para observar melhor tudo isto, o dever de todos os fiéis é, conforme a Palavra de Deus, separar-se daqueles que não pertencem a igreja7, e juntar-se a esta assembléia8 em todo lugar onde Deus a tenha estabelecido. Este dever deve ser cumprido, mesmo que os governos e as leis das autoridades o contrariem e mesmo que a morte ou a pena corporal sejam a consequência disto9.

Por isso, todos os que se separam desta igreja ou não se juntam a ela, contrariam a ordem de Deus.

1 Mt 16:18,19; At 2:47; Gl 4:26; Ef 5:25-27; Hb 2:11,12; Hb 12:23. 2 2Cr 30:8; Jo 17:21; Cl 3:15. 3 Hb 13:17. 4 Mt 11:28-30. 5 Ef 4:12. 6 1Co 12:7,27; Ef 4:16. 7 Nm 16:23-26; Is 52:11,12; At 2:40; Rm 16:17; Ap 18:4. 8 Sl 122:1; Is 2:3; Hb 10:25. 9 At 4:19,20.


ARTIGO 29
AS MARCAS DA VERDADEIRA IGREJA, DE SEUS MEMBROS E DA FALSA IGREJA

Cremos que se deve discernir diligentemente e com muito cuidado, pela Palavra de Deus, qual é a verdadeira igreja, visto que todas as seitas, que atualmente existem no mundo, se chamam igreja, mas sem razãol. Não falamos aqui dos hipócritas que, na igreja, se acham entre os sinceros fiéis; contudo, não pertencem à igreja, embora sejam membros dela2. Mas queremos dizer que se deve distinguir o corpo e a comunhão da verdadeira igreja, de todas as seitas que se dizem igreja.

As marcas para conhecer a verdadeira igreja são estas: ela mantém a pura pregação do Evangelho3, a pura administração dos sacramentos4 como Cristo os instituiu, e o exercício da disciplina eclesiástica para castigar os pecados5. Em resumo: ela se orienta segundo a pura Palavra de Deus6, rejeitando todo o contrário a esta Palavra7 e reconhecendo Jesus Cristo como o único Cabeça8. Assim, com certeza, se pode conhecer a verdadeira igreja; e a ninguém convém separar-se dela.

Aqueles que pertencem à igreja podem ser conhecidos pelas marcas dos cristãos, a saber: pela fé9 e pelo fato de que eles, tendo aceitado Jesus Cristo como único Salvador, fogem do pecado e seguem a justiçal0, amando Deus e seu próximo11, não se desviando para a direita nem para a esquerda e crucificando a carne, com as obras dela12. Isto não quer dizer, por ém , que eles não têm ainda grande fraqueza, mas, pelo Espírito, a combatem, em todos os dias de sua vida 13, e sempre recorr em ao sangue, à morte, ao sofrimento e à obediência do Senhor Jesus. NEle eles têm a remissão dos pecados, pela fél4.

Quanto à falsa igreja, ela atribui mais poder e autoridade a si mesma e a seus regulamentos do que à Palavra de Deus e não quer submeter-se ao jugo de Cristo15. Ela não administra os sacramentos como Cristo ordenou em sua Palavra, mas acrescenta ou elimina o que lhe convém. Ela se baseia mais nos homens que em Cristo. Ela persegue aqueles que vivem de maneira santa, conforme a Palavra de Deus, e que lhe repreendem os pecados, a avareza e a idolatria16.

É fácil conhecer estas duas igrejas e distingui-las uma da outra.

 

1 Ap 2:9. 2 Rm 9:6. 3 Gl 1:8; 1Tm 3:15. 4 At 19:3-5; 1Co 11:20-29. 5 Mt 18:15-17; 1Co 5:4,5,13; 2Ts 3:6,14; Tt 3:10. 6 Jo 8:47; Jo 17:20; At 17:11; Ef 2:20; Cl 1:23; 1Tm 6:3. 7 1Ts 5:21; lTm 6:20; Ap 2:6. 8 Jo 10:14; Ef 5:23; C1 1:18. 9 Jo 1:12; 1Jo 4:2. 10 Rm 6:2; Fp 3:12. 11 1Jo 4:19-21. 12 Gl 5:24. 13 Rm 7:15; G1 5:17. 14 Rm 7:24,25; 1Jo 1: 7-9. 15 At 4:17,18; 2Tm 4:3,4; 2Jo :9. 16 Jo 16:2.

 

 

 

ARTIGO 30
O GOVERNO DA IGREJA

Cremos que esta verdadeira igreja deve ser governada conforme a ordem espiritual, que nosso Senhor nos ensinou na sua Palavra1. Deve haver ministros ou pastores para pregarem a Palavra de Deus e administrarem os sacramentos2; deve haver também presbíteros3 e diaconos4 para formarem, com os pastores, o conselho da igreja5. Assim, eles devem manter a verdadeira religião e fazer com que a verdadeira doutrina seja propagada, que os transgressores sejam castigados e contidos, de forma espiritual, e que os pobres e os aflitos recebam ajuda e consolação, conforme necessitam6.

Desta maneira, tudo procederá, na igreja, em boa ordem, quando forem eleitas pessoas fiéis7, conforme a regra do apóstolo Paulo na carta a Timóteo8.

 

1 At 20:28; Ef 4:11,12; 1Tm 3:15; Hb 13:20, 21. 2 Lc 1:2; Lc 10:16; Jo 20:23; Rm 10:14; 1Co 4:1; 2Co 5:19,20; 2Tm 4:2. 3 At 14:23; Tt 1:5. 4 1Tm 3:8-10. 5 Fp 1:1; 1Tm 4:14. 6 At 6:1-4; Tt 1:7-9. 7 1Co 4:2. 8 1Tm 3.


 

 

ARTIGO 31
OS OFÍCIOS NA IGREJA

Cremos que os ministros da palavra de Deus, os presbíteros e os diáconos devem ser escolhidos para seus ofícios.mediante eleição legítima pela igreja, sob invocação do nome de Deus e em boa ordem, conforme a palavra de Deus ensina.

Por isso, cada membro deve cuidar para não se apoderar do ofício por meios ilícitos, mas deve esperar a hora em que é chamado por Deus, a fim de ter, assim, a certeza de que sua vocação vem do Senhor2.

Quanto aos ministros da Palavra, eles têm, onde quer que estejam, igual poder e autoridade, porque todos são servos de Jesus Cristo3, o único Bispo universal e o único Cabeça da igreja4.

Além disto, a santa ordem de Deus não pode ser violada ou desprezada. Dizemos, portanto, que cada um deve ter respeito especial pelos ministros da Palavra e presbíteros da igreja, em razão do trabalho que realizam5. Cada um deve viver em paz com eles, tanto quanto possível, sem murmuração, contenda ou discórdia.

 

1 At 1:23,24; At 6:2,3. 2 At 13:2; 1Co 12: 28; 1Tm 4:14; 1Tm 5:22; Hb 5:4. 3 2Co 5:20; 1Pe 5:1-4. 4 Mt 23:8,10; Ef 1:22; Ef 5:23. 5 1Ts 5:12,13; 1Tm 5:17; Hb 13:17.

 

 

 

ARTIGO 32
A ORDEM E A DISCIPLINA DA IGREJA

Cremos que os que governam a igreja devem cuidar para não se desviarem do que Cristo, nosso único Mestre, nos ordenou1; embora seja útil e bom que, entre eles, se estabeleça e conserve determinada ordem para manter o corpo da igreja.

Por isso, rejeitamos todas as invenções humanas e todas as leis que se queiram introduzir para servir a Deus, mas que venham, de qualquer maneira, comprometer e constranger a consciência2. Aceitamos, então, somente o que serve para promover e guardar a concórdia e a unidade e para manter tudo na obediência a Deus3.

Esta ordem (caso desobedecida exige a excomunhão), feita conforme a Palavra de Deus, com todas as suas conseqüências4.

 

1 1Tm 3:15. 2 Is 29:13; Mt 15:9; Gl 5:1. 3 1Co 14:33. 4 Mt 16:19; Mt 18:15-18; Rm 16:17; 1Co 5; 1Tm 1:20.


 

© 2015 criado por Wilton Santos.

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